Poderia começar esse post com um "Não se fazem mais filmes como antigamente", porém isso iria soar como palavras de um nostálgico que está envelhecendo (fiz 1/4 de século nesse 23/05/2008), porém é impossível negar que cada vez mais estamos sendo privados do sentir e da sensibilização com nosso mundo, sem querer ser piegas cresci vendo pica-pau e Tom e Jerry, porém alguns desenhos como Fievel tendo como pano-de-fundo a Revolução Russa, onde camadas da sociedade são dissecadas e apresentadas como um conto de fadas, nos emocionando pelo e com o personagem estão cada dia mais raros.
Talvez um grande exemplo do que tento expor é um filme que marcou o meio da década de 80 chamado "Stand By Me", ou em português "Conta Comigo", baseado em um conto chamado "Body", do sempre surpreendente Stephen King. A premissa do filme é simples, um grupo de amigos indo atrás do corpo de um garoto que morreu atropelado pelo trem, a jornada e crescimento dos personagens durante o caminho e em seu retorno nos faz refletir sobre nossos problemas e escolhas diárias, acrescentado ao clima da década de 50 e ao ideal "On the road", o filme parece mostrar que embora vejamos jovens rebeldes com suas maquinas possantes apostando corridas, os que realmente entenderam o espírito de pegar a estrada e buscar um mundo novo é um bando de garotos com problemas familiares em uma disputa de gerações que vai do pai bandido, o pai ex-veterano de guerra psicopata, e o pai que considera que o filho deveria ter morrido no lugar do irmão mais velho/jogador de futebol/popular, e estes mais do que andam para ver um corpo, eles andam para ver um mundo novo, um mundo sem seus pais e conflitos.
Durante o filme o personagem que mais rouba a cena é o Chris Chambers, interpretado pela revelação da época River Phoenix, que incorpora a figura do "vagabundo iluminado", aquele que por ser jogado a margem da sociedade consegue enxerga-la de forma magistral, Corey Feldman também está ótimo como um neurótico de guerra mirim, e Will Wheaton ccomo Gordie, o narrador da história é a figura que durante o trajeto cresce e vê um novo mundo após botar o pé na estrada.
No fim das contas o que quero dizer é que raramente temos filmes como esse, e parece ser algo cada vez mais raro, os filmes parecem cada vez mais um amontoado de cenas de ação e situações cômicas, não que seja ruim, mas também não é só disso que vive a alma humana, e também algo que já explorei no post sobre o Krampus é que parece haver uma tentativa de proteção da criança com relação a sentimentos, e o pior é que talvez não seja somente da criança e sim de toda a sociedade, pensar e sentir parece ser algo cada vez mais distante, principalmente na cultura pop atual.