Sempre fui um fã de filmes de terror, aliás sempre fui fã de filmes, adoro cinema, e adoro me surpreender com cinema, quando pegamos aquele filme que você não dá nada, e ele consegue trabalhar com seus sentimentos e idéias. Esse é o caso do filme "Eles vivem", dirigido e adaptado de um conto chamado "Eight O´Clock in the morning", de Ray Nelson, por John Carpenter em 1988.
Confesso que sempre fico com uma pulga atrás da orelha com John Carpenter, ele têm uns filmes muito bons sempre abusando do estranho, de alguma situação esquisita que modifica o comum, aí sua predileção pelo terror e a ficção científica que consegue trabalhar muito bem em filmes como "A Beira da Loucura", uma história com certeza baseada nos contos do Lovecraft e "Eles Vivem" uma ficção que te bota pra pensar sobre o mundo em que vivemos hoje, porém ele também é diretor de bombas como "Vampiros de John Carpenter" e "Fuga de Los Angeles" (que adoro, mas o filme é muito ruim).
Procurei então algo sobre Ray Nelson, autor do conto em que foi baseado o filme, e achei o texto na net em inglês (se quiser ler clique aqui), achei seu site, e descobri que além de escritor da era de ouro da SCI-Fi (década de 50) tendo inclusive escrito um livro junto ao célebre Phillip K. Dick, também é cartunista. Outro ponto interessante é que a história em que foi baseado "Eles Vivem" é de 1963, época de mudança de costumes na sociedade e o filme/conto nos mostra exatamente esse sentimento de desconforto com relação ao mundo, só para lembrar o livro Laranja Mecânica também é da mesma época.
Mas então vamos a um pequeno resumo do filme/conto pegando os aspectos gerais para não me alongar muito, a história é basicamente de uma rapaz chamado Nada, que um dia "acorda" e vê que a sociedade está dominada por seres alienígenas que controlam a população por meio de mensagens subliminares, no caso do conto foi após ir a um mágico, no filme ele encontra uns óculos especiais que quando colocados faz ver os alienígenas e as mensagens, por exemplo em um outdoor antes de colocar o óculos tem uma propaganda, após colocar o óculos uma frase mandando obedecer, olha para os lugares e vê mensagens falando para ter filhos, trabalhar,casar, etc... Então após acordar para a verdadeira realidade ele parte para acabar com essa invasão, que tem como ponto de irradiação das mensagens uma rede de TV.
Esse filme meio tosco, dirigido pelo John Carpenter, por mais B que seja traz os elementos do conto que me lembram a leitura de um livro chamado "Tudo que é sólido se desmancha no ar" do Marshall Berman, em que ele discute a noção de modernidade, essa história parece conter tudo isso, o sentimento de estarmos sendo manipulados por alguma força, sobre não termos opções, sobre o novo homem que nasce após enxergar a realidade, a idéia da TV como o centro de controle, o nome do personagem "Nada". A história parece então uma metáfora de nossas vidas, de muitas vezes fazermos algo sem saber direito o porque e quando percebemos e questionamos o que está a nossa volta acabamos nos revoltando, mas também ficamos sozinhos, e por se tratar de uma história menos hard em sua ficção científica acho que essa mensagem é passada melhor que outros filmes como Matrix por exemplo.
E essa é a graça da arte, ler o que está por trás dela, e as mensagens que desejam ser passadas para os "leitores", e quando falo leitor não é somente da pessoa que lê o livro, mas o que lê o filme, o quadro, sua própria vida. É ir além da estética, ver além do filme com poyco orçamento e efeitos especiais toscos, é ver a sua essência, por isso amo o cinema, e amo a arte.
Fortuna!
Confesso que sempre fico com uma pulga atrás da orelha com John Carpenter, ele têm uns filmes muito bons sempre abusando do estranho, de alguma situação esquisita que modifica o comum, aí sua predileção pelo terror e a ficção científica que consegue trabalhar muito bem em filmes como "A Beira da Loucura", uma história com certeza baseada nos contos do Lovecraft e "Eles Vivem" uma ficção que te bota pra pensar sobre o mundo em que vivemos hoje, porém ele também é diretor de bombas como "Vampiros de John Carpenter" e "Fuga de Los Angeles" (que adoro, mas o filme é muito ruim).
Procurei então algo sobre Ray Nelson, autor do conto em que foi baseado o filme, e achei o texto na net em inglês (se quiser ler clique aqui), achei seu site, e descobri que além de escritor da era de ouro da SCI-Fi (década de 50) tendo inclusive escrito um livro junto ao célebre Phillip K. Dick, também é cartunista. Outro ponto interessante é que a história em que foi baseado "Eles Vivem" é de 1963, época de mudança de costumes na sociedade e o filme/conto nos mostra exatamente esse sentimento de desconforto com relação ao mundo, só para lembrar o livro Laranja Mecânica também é da mesma época.
Mas então vamos a um pequeno resumo do filme/conto pegando os aspectos gerais para não me alongar muito, a história é basicamente de uma rapaz chamado Nada, que um dia "acorda" e vê que a sociedade está dominada por seres alienígenas que controlam a população por meio de mensagens subliminares, no caso do conto foi após ir a um mágico, no filme ele encontra uns óculos especiais que quando colocados faz ver os alienígenas e as mensagens, por exemplo em um outdoor antes de colocar o óculos tem uma propaganda, após colocar o óculos uma frase mandando obedecer, olha para os lugares e vê mensagens falando para ter filhos, trabalhar,casar, etc... Então após acordar para a verdadeira realidade ele parte para acabar com essa invasão, que tem como ponto de irradiação das mensagens uma rede de TV.
Esse filme meio tosco, dirigido pelo John Carpenter, por mais B que seja traz os elementos do conto que me lembram a leitura de um livro chamado "Tudo que é sólido se desmancha no ar" do Marshall Berman, em que ele discute a noção de modernidade, essa história parece conter tudo isso, o sentimento de estarmos sendo manipulados por alguma força, sobre não termos opções, sobre o novo homem que nasce após enxergar a realidade, a idéia da TV como o centro de controle, o nome do personagem "Nada". A história parece então uma metáfora de nossas vidas, de muitas vezes fazermos algo sem saber direito o porque e quando percebemos e questionamos o que está a nossa volta acabamos nos revoltando, mas também ficamos sozinhos, e por se tratar de uma história menos hard em sua ficção científica acho que essa mensagem é passada melhor que outros filmes como Matrix por exemplo.
E essa é a graça da arte, ler o que está por trás dela, e as mensagens que desejam ser passadas para os "leitores", e quando falo leitor não é somente da pessoa que lê o livro, mas o que lê o filme, o quadro, sua própria vida. É ir além da estética, ver além do filme com poyco orçamento e efeitos especiais toscos, é ver a sua essência, por isso amo o cinema, e amo a arte.
Fortuna!
Um comentário:
Muito bom, e obrigado pelo link do conto!
Outro filme que também fala de controle da sociedade através da mídia, mas de uma forma diferente, é o "Network" (1976).
Um bom poema sobre a modernidade e suas esquisitices é o "Dinosauria, We" de Charles Bukowski.
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